Game of Thrones: Episódio 25 – Kissed by Fire

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Esse foi um episódio de diálogos, de pessoas conversando com pessoas (tirando uma cena que é uma das minhas favoritas de todos os livros), mas mesmo assim conseguiu ser um dos mais densos e tensos de toda a série, de todas as três temporadas. Esse é o diferencial de Game of Thrones: não é o cenário de fantasia, não são os efeitos especiais, não são os dragões: são os personagens. Uma série dessas com personagens fracos cairia facilmente no ridículo e na previsibilidade, o que não é o caso. E este episódio foi um ode aos personagens.

 

  • Primeiro, o título. “Kissed by fire” é uma referência direta, nos livros, aos cabelos ruivos de Ygritte, mas também tivemos uma menção direta ao Senhor da Luz, o deus do fogo, e essa temática “fogo” permeou todo o episódio entre os personagens, suas interações e problemas.

  • Já abrimos com uma das minhas cenas prediletas dos livros: uma luta de ESPADAS EM CHAMAS, numa caverna, em que um personagem é morto mas NÃO TÃO BEM MORTO ASSIM! OPA, QUE MERDA É ESSA???? Só pude pensar numa coisa: se você tem um grupo de RPG, é de um clérigo desses que você precisa, que dá ress!

  • Aí que finalmente Jonjonzinho deixou de ser virjão (apesar de que “virjão” é mais estado de espírito do que físico). E ALGUÉM POR FAVOR DÁ UM PRATO DE COMIDA PRA YGRITTE, dá pra ver as costelas e vértebras da menina! E não sei se gosto da relação deles no seriado: tá certo que desde o primeiro dia ela estava doidinha para aproveitar-se de nosso floquinho, mas fica uma coisa meio mecânica, fica meio “ah, não tamos fazendo nada melhor, vamos transar?” “beleza, vamos”. Não tem tesão. Não tem química. É só um lance (sem tesão e química). Fica até estranho para o personagem dele, principalmente levando em consideração que Ele Escolheu Esperar por sua condição de bastardo e todos os problemas freudianos consequentes. Gosto muito mais de como é a primeira noite deles no livro, num contexto diferente…

  • Enquanto isso, Arya, num momento de cortar o coração, descobre que seu único amigo não estará mais do seu lado. Por um motivo simples: ela é uma nobre, ele é um plebeu, e cansou-se da servidão. A sociedade igualitária da Irmandade lhe parece uma maneira muito melhor de se viver. “Mas eu posso ser sua família ._.” “Você será minha senhora…”. E é isso. O mundo é muito mais preso em castas e pragmático do que Arya pode esperar. Aliás, se está viva e bem tratada é porque seu lindo pescocinho vale alguma coisa. Dinheiro, especificamente, coisa que a Irmandade precisa. E a pergunta, também amarga. “esse lance de ressurreição aí funciona com alguém que morreu só uma vez, decapitado?”. Infelizmente, mesmo num mundo mágico a maioria dos seus problemas não será resolvida dessa forma.

  • Enquanto isso, sua irmã, Sansa, está entre o fogo e a caldeirinha. Ela sonha com um lindo casamento com o lindo ser Loras, sem saber que… ele não gosta da fruta. (ou seja, mesmo se o casamento acontecesse, ela não seria feliz). Inclusive achou uma pegação nova, só para relembrarmos que de qualquer forma ela não seria feliz no enlace. A outra opção? Fugir com o tiozão creepy, que até comprou um colchão de plumas para ela. E a Sansa da série não é tão sonsa, ela sabe mentir (ainda que mal).

  • E Robb Stark, o mais velho, que não quer ser conhecido como o rei leite com pera, recusa os melhores conselhos familiares ao lidar com uma traição. Só que são erros para corrigir outros erros, com consequências não necessariamente agradáveis. E ele dá sua próxima cartada: atacar os Lannister em seu próprio castelo, Casterly Rock! Só que é preciso gente. Só que ele perdeu os homens de um de seus vassalos. E quem está perto e relativamente de bobeira? O homem de quem aceitou a mão de uma das filhas, mas desfez o negócio. Hum…

  • Falando nos Lannister, a serie poderia ser inteira entre Tyrion, Cersei e Tywin sentados ao redor da mesa e conversando. Ou melhor, mostrando que quando o leão ruge os filhotes abaixam as orelhas. E teremos dois casamentos indesejados: Tyrion com Sansa (“ela é uma criança!” “ela é mais do que você merece”) e Cersei e Loras (“não pai ;_;” “você é MINHA FILHA E VAI ME OBEDECER” “;_;”). Muitas felicidades aos novos casais.

  • Por fim, o Lannister mais importante do episódio, numa das melhores cenas da série até o momento (não apenas pelo alívio de meus olhinhos cansados): Jaime Lannister falando sobre o seu lado da história. De por que ele é julgado e condenado por todos pela única coisa certa que fez na vida. Ele é o Regicida, perjuro, mas ninguém nunca perguntou por quê. E fragilizado pela dor, pelo cativeiro, ele vai lá e conta tudo (para Brienne, e a mudança de fisionomia dela durante o monólogo reflete o que ela pensa sobre ele e sobre a história também). E, como ele diz, “que direito tem o lobo de julgar o leão?”. E um homem de honra obtusa como Ned Stark pararia para ouvi-lo?

  • Por fim, uma das cenas mais fofas da série toda: a filhinha de Stannis, Shireen, e seu novo amigo ser Davos. Porque existe fofura em Westeros (apesar de sua mãe louca (bem mais bonita do que nos livros, eu a imaginava assim) – e como é fácil manipular pessoas descontroladas com a religião – com direito a guardar bebês mortos em jarras (porque um daqueles não era recém-nascido não, muito grande) e da cicatriz em seu rosto…).

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Até a próxima!



7 respostas para “Game of Thrones: Episódio 25 – Kissed by Fire”.

  1. Também achei que eles não desenvolveram a relação da Ygritte com o Jon da forma mais adequada… Tudo muito apressado, não dá pra entender os conflitos que eles possuem e que aparecem mais claramente no livro. Essa tem sido a grande dificuldade da série, aliás.

    1. Em alguns casos, como no Jaime ou no Tyrion, tá dando até bem, mas no Jon não é de hoje que tão pecando demais…

  2. Ana, é seguro eu ler até a metade do terceiro livro e depois ver a terceira temporada sem ter spoilers? Existem muitas coisas dessa terceira temporada que eles pegam de livros mais adiante? Obrigado desde já.

    1. Sim, se você ler até certo acontecimento marcante e parar por ali, ao que parece não vão estender a terceira temporada até acontecimentos posteriores. Só uma coisinha ou outra pequena que podem ser adiantadas, mas nada mais. (e você vai saber qual é esse acontecimento quando lê-lo).

  3. A relação de Jon e Ygritte está deixando a desejar. Não consigo ligar as cenas da série da HBO ao que li nos livros muitas vezes. Agora uma coisa é certa, a presença do autor das obras literárias na série televisiva parece ser um diferencial incrível. Apesar de alguns erros notórios, até damos descontos por saber que as páginas de um livro nem sempre podem ser passadas na integra para as páginas de um roteiro de Tv e Cinema, a presente série é uma dádiva. Enquanto historiador vejo muitas analogias ( e contradições) com a história medieval ocidental, recomendo aos meus alunos que assistam a essa série e leiam se possivel os livros (os que tem idade suficiente). Volto depois, saudades do blog, fazia tempo que não passava aqui *-*

    1. Acho que não “erros”, mas a trama do Jon tá bem fraquinha (achei que deu uma melhorada nos episódios 26 e 27, mas pra quem quer ser o protagonista, tá muito ralo), a Catelyn foi descaracterizada completamente e sumiu… Sinceramente, não sei. Não é incompetência para transpor a série e nem a exigência de outra linguagem para a TV (dois grandes exemplos disso são a diminuição do número de personagens e a alteração da abordagem do sobrenatural, com poucos sonhos), é alguma escolha que acho que poderia ser bem diferente.

      1. Eu estava vendo o encontro e a trama deles, nitidamente tem alterações se olharmos para os livros. Mas é aquilo, sempre haverá a justificativa de que são linguagens distintas. Não sou contrário, mas às vezes pecam demais. E concordo, Cat não tem mostrado a força que vemos, apagaram mas a presença dela. Vamos que vamos.

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