AnaCrônicas – Ana Cristina Rodrigues
06/12/2009 2 Comentários
Como já disse no post anterior, é difícil escrever sobre a obra de uma pessoa próxima. Muito mais fácil quando o autor pertence a outro espaço e outro tempo – ou, mesmo ao ser brasileiro, não é alguém de sua convivência.
Conheço a Ana Cristina Rodrigues desde 2004 ou 2005. E, desde então, ela vem mostrando ao que veio. Não apenas com seus contos, mas também com a sua atitude: reclamar de uma realidade é muito fácil, mas e mudar essa realidade? Quem se arrisca? Ela é uma dessas pessoas.
Enquanto muitos choram pela pretensa falta de espaço do mercado editorial brasileiro, Ana Cristina tem iniciativas como a Fábrica dos Sonhos, que desde 2005 reune escritores do gênero especulativo para aprimorarem suas habilidades, a participação ativa na comunidade de ficção científica do Brasil, tanto já tendo sido presidente do CLFC (Clube de Leitores de Ficção Científica) quanto na presença em eventos e palestras Brasil afora. E, claro, a moderação atenciosa nas comunidades Ficção Científica e Escritores de Fantasia no orkut que, querendo ou não, reunem grande parte do pessoal que está em voga no momento. Isso sem citar os projetos-solo, as participações em antologias, como a Paradigmas (e, é claro, a Espelhos Irreais, confiram aqui :P), publicações em sites como Hyperfan, em e-zines…
AnaCrônicas é seu primeiro livro-solo, onde estão reunidas uma série de contos curtos sobre temas fantásticos. Desde uma versão muito pessoal ao Coelho Branco de Alice no País das Maravilhas, em É Tarde!, conto que abre a coletânea, à revisão de personagens históricos em Os Olhos de Joana. Do maravilhoso conto de temática arturiana A Dama de Shalott (que, cabe aqui ressaltar, é meu conto preferido da antologia) à realidade pós-apocalíptica d’A Casa do Escudo Azul. De um doce e tocante conto sobre a perda, como O Caminho da Terra das Fadas à reflexão irônica sobre os fatos da vida de Deus Embaralha, o Destino Corta. Do pulsar sexual de Chiaroscuro às chamas de um amor impossível em Como Nos Tornamos Fogo.
São várias temáticas, vários estilos, vários pontos de vista – que ganham um toque especial com a pequena ilustração que os acompanha, cortesia de Estevão Ribeiro. E é um livro curtinho, que dá para ser saboreado em uma tarde chuvosa de maneira prazerosa. Como se tratam de contos curtos e de temática bem diferente entre si, o exercício de leitura é bem leve e quando menos se espera, o passeio por todas as temáticas propostas chegou ao fim.
O estilo da autora, mesmo que de formas diferentes, aparece claro em todos os contos: riqueza de temática, com a escolha de palavras adequadas para a transposição da temática proposta, sem a necessidade de muita enrolação para se alcançar o ponto desejado. As emoções também são apresentadas de maneira clara e são absorivdas com facilidade pelo leitor.
E, principalmente para mim, não seria demais dizer, é um ode à Fábrica dos Sonhos – a maioria dos contos foi visto pela primeira vez por lá. A sensação de ter estado junto durante a criação de uma obra que me chamou tanto a atenção, de acompanhar a evolução temática e de escrita de alguém in loco, é bem interessante -e, por que não dizer, recompensador.
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Comentários, no link acima!
Estou preparando os especiais de um ano e de natal do blog! He he he!!! Quase um ano de blog e está sendo uma experiência bem satisfatória!
Até a próxima!
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