A Sombra do Vento – Carlos Ruiz Zafón
18/02/2009 6 Comentários
Depois de muita fantasia e ficção científica, vamos a um livro que não pertence a nenhuma categoria de ficção especulativa (apesar de possuir alguns detalhes que não possuem exatamente verossimilhança…). Uma colega estava lendo este livro em minha sala, há uns dois anos, recomendando-o como boa leitura. Ainda, uma amiga comprara, também empolgada por comentários favoráveis.
Um parêntesis, antes de continuar com o livro. Sou apaixonada por livrarias – entrar, passear, folhear, descobrir este ou aquele romance, ver que esta ou aquela capa chamam a atenção, levar um pocket esperto por um preço bom ou procurar determinado livro específico – mas adoro as livrarias online e suas ofertas tentadoras. Descontos de mais de 50% por livro SEMPRE são tentadores, convites a encher cada vez mais minha biblioteca particular. Então, por que não aproveitar superdescontos?
Em uma das minhas compras, interessada em comprar algum livro que não fosse de ficção especulativa, descobri que A Sombra no Vento estava em uma adorável oferta por R$15,90. Não pensei duas vezes – tinha sido bem-indicado, e R$15,90 não representam exatamente um prejuízo para um livro ruim.
A história trata de Daniel Sempere, um garoto de dez anos órfão de mãe, levado por seu pai ao Cemitério dos Livros Esquecidos (ADOREI o cenário, por que não pensei nele?), onde encontra o romance A Sombra do Vento, escrito por um tal de Julián Carax. Encantado pelo livro, passa a adolescência em busca de seu misterioso autor, encontrando cada vez mais mistérios no caminho que o leva até ele, topando com amigos e inimigos.
É uma história de suspense e mistério, mas com uma leveza adolescente. E trata, também, justamente disso – essa transição leve e misteriosa entre a adolescência e a fase adulta, que diz respeito também à mudança nos relacionamentos que trazemos da infância, à descoberta do amor e do sexo, a assunção de responsabilidades e das consequências de nossas ações.
É também um livro sobre… a leitura. Sobre a importância do livro, sobre mergulhar de cabeça em histórias que nos sejam, como leitores, realmente empolgantes, sobre envolver-se com seus personagens e trama e levar isso às últimas consequências.
A trama, que possui como narrador seu personagem principal, é bastante ágil, com pistas (algumas falsas) e novas informações a cada capítulo. O seu desfecho é particularmente eletrizante – não dá para fechar o livro antes que todo o mistério trazido por Daniel se revele.
Outra coisa que me chamou a atenção foi o cenário: é também uma história sobre Barcelona no pós-guerra e seus personagens – pessoas comuns, como empregados, ricaços e mendigos, que guardam consigo feridas ou não da Guerra Civil. É também a história de uma cidade, de uma época e das pessoas que a habitam.
Por fim, não é um livro que cause uma mudança de pensamentos ou que leve à reflexão, mas é uma leitura bastante tranquila e interessante para quem deseja desvendar livros misteriosos…